Atualizada 07/11/2024
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Uma das conversas mais frequentes de 2024 no Brasil tem sido a respeito do X/Twitter. Mais recentemente, o assunto tomou um rumo particular: a ausência do app no país, já que o STF, personificado pelo ministro Alexandre de Moraes, determinou o banimento da rede sociais até que fossem cumpridas uma série de requisições da justiça.
Naturalmente que ainda há muita especulação sobre um potencial retorno da rede de Elon Musk, algo que às vezes parece quase certo, e outras vezes parece remoto. Independentemente do que vier a acontecer, é inegável que os meses sem X no país tiveram um sério impacto nos usuários.
Teve quem seguiu adiante, por assim dizer, e deixou de lado o microblogging, ou simplesmente passou a adaptar a realidade do Twitter para outras redes populares, como o Instagram. Por outro lado, teve quem corresse atrás de redes similares, como Threads e Bluesky, para não deixar de lado um certo estilo de vida online construído nos últimos 15 anos em que o Twitter/X era rei por aqui.
👀 Por que o Twitter/X foi banido?
Desde que Elon Musk comprou o Twitter e o rebatizou de X que a empresa passou a bater de frente com instituições e órgãos oficiais de vários países. O Brasil, talvez, foi apenas o caso mais barulhento.
Em meados de agosto de 2024, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou em decisão judicial que, por não cumprir regras determinadas pela Lei Brasileira, a plataforma deveria pagar multas e adequar sua atuação.
À época, o ministro citou, em decisão oficial, que houve “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais e inadimplemento das multas diárias aplicadas, além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico e Poder Judiciário brasileiros, para instituir um ambiente de total impunidade e “terra sem lei” nas redes sociais brasileiras, inclusive durante as eleições municipais de 2024”.
Assim, por não cumprir exigências da legislação brasileira e por não pagar multas que devia à Justiça, foi determinado que a empresa saísse do ar. De fato, de 30 de agosto em diante, excetuando breves lapsos de funcionamento por conta de servidores desregulados, o X não era mais acessível para quem estava no Brasil.
📲 Existe chance de o X voltar a funcionar no Brasil?
Como não poderia ser diferente, desde que saiu do país, o Twitter é cotado para voltar. A desativação oficial da rede por aqui se deu no dia 30 de agosto de 2024, e neste período de pouco mais de um mês desde o ban existe especulação quanto a uma potencial volta.
O assunto ganhou força novamente nos primeiros dias de outubro, quando começou a correr um boato de que, tendo pago as multas estipuladas por Alexandre de Moraes, Elon Musk e sua empresa estavam prontos para voltar a atuar no Brasil.
Um aspecto que se mostrou vital para essa decisão, além do pagamento das multas, foi a indicação de um responsável pela empresa no Brasil. Como a equipe do Twitter Brasil havia sido paulatinamente reduzida desde a compra de Musk, até sua extinção por completo, era aspecto-chave para a mudança no julgamento de Alexandre de Moraes.
Teoricamente, de 9 de outubro em diante a rede já pode voltar a atuar no Brasil. A confirmação veio do próprio Alexandre de Moraes em decisão tomada no dia 8. Em nota, o X comemorou: “O X tem orgulho de estar de volta ao Brasil. Proporcionar a dezenas de milhões de brasileiros acesso à nossa plataforma indispensável foi prioridade durante todo este processo”.
🎯 Que redes sociais podem substituir o Twitter?
Os quase 40 dias de banimento do Twitter fizeram com que muita gente fosse atrás de alternativas à plataforma, especialmente em outras redes similares na estrutura. O sistema buscado, chamado de Microblog, não é exclusivo do Twitter, e já viu paralelos no passado tanto quanto se vê hoje, época em que os principais nomes da concorrência são Threads e Bluesky.
Veremos, claro, tanto como funciona o Threads quanto como funciona o Bluesky, independentemente do fato de o Twitter estar voltando a funcionar no Brasil para os as próximas horas.
✅ Threads
De todas as alternativas mais populares que surfam na onda do ban do Twitter/X, o Threads é talvez o que fez mais sucesso. Muita gente torceu o nariz por medo de se tratar de uma rede com censura de conteúdo, como sua co-irmã, Instagram; o Threads, porém, é diferente.
Mas o que é o Threads? Similar ao Twitter, mas nem tanto, essa rede social é também um microblog de posts pequenos – textos de até 500 caracteres, fotos e vídeos de até 5 minutos. O diferencial mesmo é o fato de as contas Threads-Instagram serem vinculadas, ou seja, a conta no Threads é exatamente a mesma no Instagram.
Isso resume o que é o Threads, que ficou com cerca de 22% dos usuários do Twitter, segundo pesquisa da Broadminded, unidade de pesquisa da Sherlock Communications. Outro ponto diferencial dessa rede é a presença das contas verificadas – novamente, as mesmas do Instagram. Essa integração é um facilitador importante.
Os Pacotes Mais Populares
✅ Bluesky
Diferente do Threads, que foi amplamente divulgado por sua empresa-mãe, a Meta, mesma de Facebook, Instagram e WhatsApp, entre outras, a rede social Bluesky é menos conhecida pelo grande público.
Antes de mais nada, precisamos nos debruçar sobre o que é Bluesky; trata-se de uma rede social de microblogging, tal como é o Twitter. Aliás, isso não é à toa; o fundador do Bluesky é justamente um co-fundador do Twitter e ex-CEO da empresa, Jack Dorsey.
A principal diferença do que é o Bluesky em relação ao Twitter/X é a centralização do controle. Diferente da companhia de Elon Musk, vinculada diretamente à sua pessoa, os dados e o controle no Bluesky são distribuídos entre vários servidores independentes, em vez de ficarem sob o comando de uma única empresa ou servidor.
Ainda segundo o levantamento da Broadminded, cerca de 15% dos usuários do X/Twitter vieram para o Bluesky depois do banimento da plataforma por parte do STF. É uma fatia considerável, mas ainda abaixo do Threads do Instagram/Meta.
🚀 Podemos esperar novas redes sociais no mercado?
Sem dúvidas que novos nomes podem entrar no jogo agora que o Twitter abriu um vácuo, ao menos em termos de Brasil. É bem normal que redes sociais tenham concorrentes, na verdade, embora muitas vezes tende a se estabelecer um certo monopólio.
Obviamente que não há como especular sobre coisas que ainda não existem, mas é possível, sim, listar redes e serviços que estão apostando no Brasil para os próximos anos. Alguns dos nomes são:
- Lemon8;
- BeReal
- Caffeine;
- Wattpad;
Note que essas redes não são necessariamente microblogs, nem almejam concorrer com o X em estrutura ou alcance. Algumas, como o Lemon8, são voltadas para fotos, e brigam mais com o Instagram. Outras, como Caffeine e Wattpad, são para nichos específicos de interesse.
Todas elas, enfim, representam alternativa para quem sente necessidade da conexão por rede social com pessoas de interesses comuns, como é normal no Twitter. Ainda assim, fica um vácuo em termos de Brasil para a principal característica da rede social de Elon Musk: seu uso como fonte imediata de notícias.
📈 O impacto da ausência do Twitter
Ainda usando os dados do levantamento da Broadminded, da Sherlock Communications, é possível observar alguns impactos imediatos da saída do Twitter/X no Brasil nos últimos meses.
Segundo a pesquisa, os usuários reclamam que o banimento da rede social impactou negativamente no acesso às notícias: 68% disseram que se sentiam mais atualizados sobre as notícias do país quando utilizavam a plataforma. Em se tratando dos concordam que as atualizações chegavam mais rápido pelo X/Twitter, o número é ainda maior: 76%.
Outros pesquisadores foram além e envolveram dinheiro nas equações sobre a saída da rede social do Brasil.
O economista Paulo Rabello de Castro, renomado economista brasileiro e ex-presidente do BNDES, afirmou que, num cálculo conduzido por ele, o impacto econômico da saída da plataforma do país chegará a R$17,9 bilhões nos próximos 5 anos – ou mais.
A afirmação, feita na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, envolve uma conta complexa, que leva em consideração o salário médio do trabalhador brasileiro, o número de brasileiros no Twitter, o tempo médio passado na rede social por dia e um valor diário de informação X usuário da rede.
⚠️ Impactos na saúde mental
Deixando de lado os números financeiros, é importante falar também do impacto mental que a saída do Twitter causou em seus usuários. Não eram raros relatos de pessoas que diziam que, embora útil como fonte de informações, a rede social era também fonte de ansiedade e gatilho para outros problemas mentais.
Das mais de 1.400 pessoas entrevistadas, 33% afirmaram sentir um impacto positivo direto na saúde mental com o banimento da plataforma de Elon Musk.
Considerando pesquisas anteriores, que relacionam a presença constante na rede social com depressão, ansiedade e um deterioração geral na saúde mental, especialmente por conta de discussões políticas, isso é bem compreensível.
Outro dado interessante revela que, desses mais de 1.400 entrevistados, cerca de 75% já afirmavam estar diminuindo o uso do Twitter antes da decisão de Alexandre de Moraes de proibir a plataforma no Brasil. Por outro lado, 75% também foi a porcentagem de pessoas que afirmou que voltaria a usar o Twitter caso ele voltasse a atuar no país.
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